De lugar de onde se vê, Patrícia Porto nos conduz ao lugar de onde se lê em sua linguagem, sua escrita – o mito de Medeia. Tal no cinema Pier Paolo Passolini (1969) e Lars Von Trier (1988) também o fizeram. Adaptações, releituras de narrativas memoráveis que representam sentimentos, um jeito de contar sobre o espírito de um tempo. De todos os tempos. Suas contradições, os horrores e o belo à luz da memória ancestral – estes escombros das sombras das quais por inúmeros desejos humanos tão selváticos e cobiçosos – somos paulatinamente constructos. A ontologia mesmo em que nós mulheres parimos e fomos paridas, simbolicamente. Enumera-nos Patrícia: Medusa, Antígona, Penélope, Ofélia… “para que o mito renasça” além fronteiras, leitores, lembremos de nossas rainhas, decolonizando e interseccionalizando, pois ainda invisibilizadas pela História. Eternas, infinitas, inextinguíveis – faces da mesma lâmina – tal a rainha do Oriente, a destemida das guerreiras, Patrícia Porto – a poeta rapsodo dá voz ao mito, em seus inúmeros poemas, para realizar verdadeira cartase. Teatro e Literatura por onde “crio argila humus e lodo” e relembra em Poesia para pagãs e pagus, “somos legião a fenda e o abismo”. Neste território poético há O jardim onde “o sol reaparece para que o adulto desperte e a criança possa continuar sonhando”. E sob a égide da língua e de uma linguagem feita de experiências e devir que nos conduz sem abstrair nada, neste percurso mito filosófico, sim, pois permeado de interrogatório – para nos fazer “pensar nos tempos do fim”. Certeza, leitores, será uma experiência numinosa, e não menos reflexiva! Silvia Schmidt poeta, prosadora e crítica.
Informações sobre o Livro
Título do livro : Toda mulher que ama é Medeia
Autor : Porto, Patrícia
Idioma : Português
Editora do livro : EDITORA REFORMATORIO
Ano de publicação : 2025
Quantidade de páginas : 148
Altura : 210 mm
Largura : 140 mm
Peso : 228 g
Gênero do livro : Literatura e ficção
Subgêneros do livro : Poesia
Data de publicação : 07-02-2025